segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Acróstico

G osto de sentir esta ansiedade que nos absorve
E gosto mais ainda dessa nossa camaradagem
S into um cheiro bom no ar...
T odas às terças, encontro marcado
A turma esquece o assoberbo da rotina constate da vida de Educador
R eunidos vamos GESTAR nossos sonhos, talvez possíveis da Educação transformar

Memorial

Um pouco de mim
Nasci no ano de 1970, em Jaguaribe/ Ceará. Chamo-me Edneide Alves Moura Silveira. Sou de uma família de 07 filhos, apenas eu concluí o ensino superior. Minha responsabilidade em relação aos meus pais e irmãos se ampliava à medida que a compreendia como necessidade existencial. Haja vista que sendo filha de pais separados e criada pelos meus avós maternos e aqui abro um parêntese bons tempos.
Mas, vamos por parte. Meu primeiro contato com a vida escolar se deu de forma bem definida. Minha vó Cosminha, a quem até hoje a chamo carinhosamente de voinha mulher de fibra, mas semi-analfabeta alimentava um sonho de formar todos os seus netos. Logo aos 6 anos me matriculou numa escola primária. Não contente com a demora da minha alfabetização, me colocou numa escolinha particular, onde contra turno eu ia ter aulas com a D.Maria.
Era um tempo onde hoje posso ver que o tradicional predominava. Tabuada para as aulas de Matemática e a carta de A, B, C para as aulas de Português (mas não era mais o tempo da palmatória). Ah! Tinha também um caderninho de caligrafia para treinar letra bonita, recordo-me. E se funcionava ou não, acho que sim, pois até hoje tenho a fama de possuir uma letra admirável.
Mas, o mais interessante se deu quando às tarde de final de semana minha voinha na ansiedade de me fazer ler, me colocava para abrir livros e contar a história do livro para ela ouvir. Às vezes eu chorava por não ter como adivinhar o rumo da história. Até que uma bela manhã ela / voinha, me chamou e abriu a página do meu livro e começou a soletrar comigo um texto intitulado: “Minha Casa”. Emociono-me até hoje! Pois, naquele dia nascia uma pequena leitora. Perceba que o ato de ler em minha vida se deu fora da escola e com uma semi analfabeta. E daí em diante o mundo fantástico da leitura me seguia comumente e certamente os anos seguintes da minha vida escolar seriam sós de descobertas e progresso. Sou amante da leitura. E ela me acompanha e me acompanhará sempre por onde eu for. Tanto é que, quem não sabe minha formação arrisca dizer que sou formada em letras. Vontade minha que ainda irei satisfazê-la.
Como já disse anteriormente, minha vida estudantil teve fortes traços do tradicional. Porém, os avanços aconteciam e aos poucos os professores iam adotando novas posturas. Recordo-me ainda, que eu tinha um professor rígido de Português, mas que incentiva-nos à leitura e à interpretação textual, além de outras práticas mais contidas na nossa maravilhosa Língua Portuguesa. Com ele aprendi muito.
Certa vez o colégio onde eu estudava lançou um concurso de redação sobre a EROSÃO e eu cursava a última série do fundamental. E quem iria corrigir as redações a convite da EMATERCE (entidade responsável pela premiação) seria o professor que eu acabei de falar no parágrafo anterior. Poucos alunos temendo a correção feita pelo temido professor se inscreveram. Eu não tinha pretensão alguma de ser ganhadora, mas me senti motivada a concorrer ao prêmio que seria uma boa quantia em dinheiro (não lembro o valor, só sei que como eu era menor minha tia-mãe, abriu uma poupança para mim). Abreviando, pois não é que tirei o segundo lugar. E concorri com alunos do 2° grau.
Daí em diante participei de outros concursos de redação e sempre era bem sucedida. Então percebi que o caminho era esse mesmo. Estudar, gostar de estudar e dar sempre orgulho a minha família. Esse sentimento se tornou mais decisivo em minha vida quando percebi que não bastava zelar apenas pela minha família, mas por todos aqueles que me cercavam. Para viver é preciso responsabilizar-se, comprometer-se com a vida... Logo, ao concluir o ensino médio, fui ser: professora primária, aos 18 anos de idade. Era apenas professora contratada, mas no ano de 1997 prestei concurso público e fui admitida, regularizando assim minha situação profissional.
Sentia-me encorajada, embora ainda muito jovem, para tanta responsabilidade. O tempo foi passando. Então, prestei vestibular em duas universidades e fui aprovada em ambas (infelizmente prestei vestibular para o mesmo curso: Pedagogia.) Explico: um dos vestibulares aconteceu primeiro, e a concorrência era tamanha. Não achei que seria classificada e optei por pedagogia o curso mais concorrido e fui aprovada. (O outro aconteceu depois, mas eu já tinha escolhido fazer também pedagogia). Então tive que abandonar uma das faculdades e concluir numa única. Começava aí meu desafio maior: conciliar meu trabalho e meu estudo; sem contar que já era casada e aos 24 anos era mãe. Mas minha determinação fora maior que os obstáculos.
Em tão pouco tempo, eu já havia concluído o ensino superior e me preparava para minha especialização. Para minha surpresa, engravidei. Motivo de alegria, porém o fator tempo e outros aspectos mais iriam me incomodar mais uma vez. Novamente, minha determinação e apoio da família me fizeram vencer e concluir minha especialização.
Atualmente sou aluna do curso de História à distância ministrado pela PUCRJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). E em 2010 estarei concluindo se Deus assim me permitir. Tenho me realizado nesta faculdade, nunca pensei que iria gostar e aprender tanto. É excelente!
Atividades profissionais desenvolvidas
Atualmente, desenvolvo trabalhos que se complementam entre si em duas instituições: Secretaria Municipal de Educação / Ceará (onde ocupo, pela segunda vez, um cargo comissionado, mas sou concursada como professora) e a outra na Escola de ensino fundamental Elinas Dias/ RN também nesta sou concursada (para orgulho da minha família que vê em mim um sustentáculo para todos eles).
Na primeira, exerço a função de assessora pedagógica, entre outras atividades, acompanho a interlocução acerca dos projetos pedagógicos construídos pelas escolas.
Na segunda, atuo como professora de EJA e me sinto cada vez mais desafiada nesta arte de ensinar. Apesar de não ter habilitação para ensinar Língua Portuguesa, ministro a disciplina de Português. E dissemino o gosto pela leitura nos meus alunos. Não é fácil, mas com jeitinho carinhoso já consegui muito com eles.
Assim sendo, desenvolvendo essas atividades, me realizo constantemente. Pois desenvolvo a arte dialógica e assumo o papel de eterno aprendiz.
Últimas palavras, ou das considerações finais.
Produzir esse memorial me possibilitou um estar comigo mesma em comunhão com a vida-abundante. Fiquei diante de mim, coisa que só fazia quando era adolescente aos 15 anos de idade, quando trocava confidências com o meu diário.
Fiquei feliz, me conhecia, isto é, me conheço. Lembrei que para Jean-Jacques Rousseau, o conhecimento de si não é um problema, é um dado: “Passando minha vida comigo, devo conhecer-me” (apud STAROBINSKI, 1991, p.187).
Produzindo esse texto, pude voltar à casa dos meus avós, rever papéis antigos, enfim, viajar nas minhas recônditas raízes. Promovi uma espécie de encontro comigo mesma, de maneira vívida e radical. Se bem que recordei perdas irreparáveis, mas não às citei aqui, pois superação, determinação e fé são palavras que prefiro que me acompanhem sempre.